sublevo-me
sabe quando você tem o que dizer,
mas não sabe como, nem porquê
nem a quem, a não ser você?
e força a rima
insiste na poesia, foge na prosa, da terceira pessoa
aliás, que pessoa?
como assim terceira, sendo que não se tem nem certeza da segunda, quanto mais da primeira? (primeira, pronome reto EU? aaaahhh EU afinal)
o EU que força, insiste, foge, e nem se tem nem certeza...
que difícil sair, o EU
o eu mal entendido da psicanálise,
o cientificado ego, que de ego não tem nada
e aliás, tá mais pra eco do que ego
eco do mundo, que retumba enquanto a antropofagia corre solta
ou salta presa, presa a um mundo de outrora, do qual ainda não conseguimos abrir mão
na verdade, do qual ainda lembramos saudosamente, hipocritamente, que nossa hipócrita mente cisma em exaltar
e pular, se pudéssemos, pularíamos de volta praquele mundo
aaahh, será?
talvez não, talvez sim
mas a dúvida me basta
pra dizer BASTA
pra eterna disforia,
que só nos afasta
de nós mesmos
e ... é isso, passou
e só o que acima consta é o que restou