no colors anymore i want them to turn black

Friday, January 08, 2010

após um adeus

e agora?

amplamente vazio e ainda assim sufocante

na pia branca de um banheiro amarelado, de rejuntes apertados

encaro na imagem desfocada pela miopia uma incógnita

mui bem conhecida

como dormir?

como vou conseguir não pensar?

e o amanhã?

a moldura laranja frisada do espelho me encara a barba, mas não os olhos

digo adeus para eu mesmo de outrora

falácias sussurradas dos meus lábios para meus ouvidos

espero dormir essa noite, sem ouvir os ganidos angustiados dos vizinhos

espero sonhar algo mais promissor do que o destino fadado pela não vida

muito estranho parecer que tudo me vem de fora

tropeço no lixo e abro a geladeira, me volto para o lixo

tão cheio de vazios

sinto o sono desesperado que pretende-se eterno e transbordante

dou adeus ao dia que insiste em não se ir,

e mesmo adentrando a madrugada de amanhã, os sentimentos de anteontem não me deixam

eles só irão realmente quando com eles eu me for

tão surreal...

o dedilhar aguado na janela e o frio lancinando pelas frestas

de que adianta chover a noite?

já cansei de conjugar o eu sozinho

será que a realidade de outrém seria algo além do que sonho?

e minha realidade, não seria o sonho de alguém?

não.. não há ninguém

agora, não tem mais ninguém

Monday, September 01, 2008

Quem outrora diria, que ele voltaria?

mas é óbvio que não se consegue viver sozinho, e que tampouco seja fácil ceder sua individualidade em prol de adentrar o grupo
é óbvio mas não é raso, é simples, mas é complexo
tem nexo, mas não tem lógica

quero ser aceito e amado e adorado, mas ao sê-lo pelo outro, pela alteridade, por aquele diferente que há pouco desprezei, me deturpo, me vendo, não sou mais eu!
não quero ser querido, não quero ser aceito..
só que... como é penoso o caminho da solidão, da auto-exclusão

'i don't wanna be lonely, i just wanna be alone'

sobrexiste, persiste e insiste pra mim essa tal história do indivíduo x grupo
nossa insegurança, nossas angústias, nossas ausências e impotências escamoteadas pelas presenças alheias
das quais nos apropriamos, nos personalizamos
só que nessa antropofagia... a racionalização, a individualização da emoção se perde, prevalece o senso comum, que como quase todo é primitivo, tosco.. IDéico
e quão bruto é isso?

tsc.. eterno dilema de se encontrar quando nos olhamos
se olhamos sozinhos, nos vemos com o viés maaaaaaais enviesado
se olhamos juntos... pouco olhamos, ou olhamos muito para pouco

que inferno de post... saiu o mais pessoalmente impessoal possível
mas como diria o pensador, "ainda é só o começo"

to do list:
ler psicologia de massa ou da massa, ou algo assim, do Sig sig
mas quando?
como diria meu vô.. é Freud mesmo

Saturday, January 27, 2007

sublevo-me

sabe quando você tem o que dizer,
mas não sabe como, nem porquê
nem a quem, a não ser você?

e força a rima
insiste na poesia, foge na prosa, da terceira pessoa
aliás, que pessoa?
como assim terceira, sendo que não se tem nem certeza da segunda, quanto mais da primeira? (primeira, pronome reto EU? aaaahhh EU afinal)

o EU que força, insiste, foge, e nem se tem nem certeza...

que difícil sair, o EU
o eu mal entendido da psicanálise,
o cientificado ego, que de ego não tem nada
e aliás, tá mais pra eco do que ego
eco do mundo, que retumba enquanto a antropofagia corre solta
ou salta presa, presa a um mundo de outrora, do qual ainda não conseguimos abrir mão
na verdade, do qual ainda lembramos saudosamente, hipocritamente, que nossa hipócrita mente cisma em exaltar
e pular, se pudéssemos, pularíamos de volta praquele mundo
aaahh, será?
talvez não, talvez sim
mas a dúvida me basta
pra dizer BASTA

pra eterna disforia,
que só nos afasta
de nós mesmos

e ... é isso, passou
e só o que acima consta é o que restou

Saturday, January 20, 2007

escassa carcaça

quem só passa
e pasta
só vê a devasta
e devassa
e não cassa
a casta (nefasta)
que só contrasta

enquanto se empasta
e pasta
mas não passa
de massa
descompassa
arruaça

e não afasta
a ginasta pederasta,
escol desgasta
sem graça
e gasta
pirraça nefasta

já basta
da vasta
mordaça
que sempre arrasta
mas não desbasta
a desgraça

Monday, October 16, 2006

afinal... pouco importa

afinal, por que tudo teria que ser previsível,
por que teríamos de ter sempre motivos,
por que tudo teria que fazer sentido?

por que sequer abrimos a janela?
medo de voar?
esperança de cair?

pouco importa...
só quero estar no cume da minha fantasia e me soltar ao vento, sem receio do que virá em seguida

Friday, October 06, 2006

chega?

chega... chega. CHEGA!!
EU DISSE CHEGAAAA
chega dessa merda de não aprender, tampouco apreender
se culpar e lamentar, vislumbrando-se do alto

mortirizando tuas ações
e pensamentos

CHEGA de pena, piedade, complacência, inocente? ingenuidade
sem meios sorrisos, falsas palavras, sem gritos incontidos, meias risadas

uma vida não plena, infeliz por seus incontáveis lados, mesmo quando planificada
numa visão estreita e limitada
doentia e inacabada

libertando-se, enquanto exala
culpa, que transmuta-se no mais puro regojizo
de seu menosprezo
por si, SÓ

Thursday, October 05, 2006

em 5 segundos, em horas, num poema, em duas palavras, em UMA

queria poder querer apenas a mim mesmo
mas sei que não quero apenas o que gostaria de querer
mas sim, quero tudo o que eu gostaria de poder acreditar que um dia viriar a ter
e sabe, é tão complicado tudo isso, que uma frase apenas, parece que falta pouco, falta muito
mas ao mesmo tempo, é exatamente tudo o que eu queria dizer...
que o que eu quero, é você