após um adeus
e agora?
amplamente vazio e ainda assim sufocante
na pia branca de um banheiro amarelado, de rejuntes apertados
encaro na imagem desfocada pela miopia uma incógnita
mui bem conhecida
como dormir?
como vou conseguir não pensar?
e o amanhã?
a moldura laranja frisada do espelho me encara a barba, mas não os olhos
digo adeus para eu mesmo de outrora
falácias sussurradas dos meus lábios para meus ouvidos
espero dormir essa noite, sem ouvir os ganidos angustiados dos vizinhos
espero sonhar algo mais promissor do que o destino fadado pela não vida
muito estranho parecer que tudo me vem de fora
tropeço no lixo e abro a geladeira, me volto para o lixo
tão cheio de vazios
sinto o sono desesperado que pretende-se eterno e transbordante
dou adeus ao dia que insiste em não se ir,
e mesmo adentrando a madrugada de amanhã, os sentimentos de anteontem não me deixam
eles só irão realmente quando com eles eu me for
tão surreal...
o dedilhar aguado na janela e o frio lancinando pelas frestas
de que adianta chover a noite?
já cansei de conjugar o eu sozinho
será que a realidade de outrém seria algo além do que sonho?
e minha realidade, não seria o sonho de alguém?
não.. não há ninguém
agora, não tem mais ninguém
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